
A insolvência nas empresas do agronegócio chamou a atenção do Comitê de Agronegócio da TMA que promoveu, na última semana, em Cuiabá (MT), um seminário voltado para o fomento do setor. A complexidade da produção de commodities, as inúmeras atividades e riscos imbuídos demandam do produtor o conhecimento de ferramentas financeiras específicas para o financiamento de cada safra e a perenidade nos negócios. 2g3g41
Foi ao perceber a falta de conhecimento de alguns produtores que a coordenadora do Comitê, Fabiana Balducci, teve a ideia de provocar discussões sobre o tema, reunindo renomados especialistas. “Observamos que muitos produtores rurais começaram a pedir recuperação judicial, mas, depois, víamos que eles não conseguiam recuperar. Agora, com uma economia mais liberal, a situação dos pequenos pode se agravar. Então é importante que eles comecem a se organizar para ter o a linhas de fomento, e não fiquem nas mãos das trades”, explica.
Em um primeiro do encontro foram abordados os mecanismos de financiamento do agronegócio, no qual, Priscila Camargo, sócia do escritório Ernesto Borges, foi a moderadora. Em um segundo momento, advogados e produtores conferiram as formas de otimizar o o ao financiamento privado do agro.
“A maioria dos instrumentos são para pessoas jurídicas, mas, muitas vezes, o produtor ainda mantém a atividade como pessoa física. Como se viveu tanto na informalidade, é preciso fazer toda uma programação e analisar os impactos tributários que existem ao ar um ativo de pessoa física para jurídica. O produtor não vai querer fazer nada de forma onerosa. É preciso encontrar uma forma que seja eficiente do ponto de vista fiscal”, observa Balducci.
Mas não basta ser pessoa física para ter o a linhas de crédito de mais longo prazo, pois, geralmente, o banco quer um balanço auditado, segundo Sérgio Duque Estrada, também coordenador do Comitê de Agronegócio. “Hoje em dia as normas de compliance e governança estão cada vez mais rigorosas. É preciso saber se não há trabalho escravo, se não há desmate, comprovar uma série de fatores para ter o ao crédito”, disse. E isso também diz respeito ao mercado externo, caso o produtor queira ir além.
Conforme Balducci, essa “profissionalização” do agro não ocorre do dia para a noite, mas a ideia do Seminário era justamente “plantar uma sementinha” para que o produtor mato-grossense enxergue a continuação do negócio.
“Muitos dos produtores já têm uma idade um pouco avançada, e os filhos estão deixando o campo. Essa evasão do campo foi vista no mundo inteiro. As pessoas querem as grandes cidades, então temos que nos perguntar, quem que vai tocar esse negócio?”, questiona.
“Tenho o caso de uma amiga minha que faria um desembolso de uma linha de R$ 70 milhões, o acionista era o único que tinha poder para no contrato e ele morreu. Ela não tinha dinheiro, nem a senha do banco para ar para pagar os funcionários. Então isso não é visto como um negócio, porque um negócio tem que existir sem aquela pessoa, sem aquele fundador, é preciso um sucessor”, comenta.
A Lei nº 11.101 também foi colocada em pauta e desmistificada. Sancionada em fevereiro de 2005, trata das falências e recuperação de empresas que estão ando por dificuldades financeiras. “A ideia era mostrar que existem várias alternativas de reestruturação da sua dívida, sem chegar ao judiciário. A recuperação judicial é importante, mas começaram a vender isso como uma ilusão”, disse Balducci.
Ao todo, 80 participantes de trades, escritórios de advocacia, juízes e profissionais do setor prestigiaram o encontro, que teve entre os patrocinadores o escritório Ernesto Borges. Evandro Cesar dos Santos, sócio do escritório, comemorou o sucesso do evento. “As inscrições se encerraram bem antes do que prevíamos, estamos muito felizes com o resultado desse trabalho e os amigos da TMA muito mais”, disse.
05/07/2019